Francisca Trindade: o poder e a resistência da mulher negra

Este livro Francisca Trindade O poder e a Resistência da Mulher Negra é uma homenagem póstuma à líder popular e parlamentar Francisca Trindade (1966 – 2003) que nasceu e viveu em Teresina. Trindade exerceu seu ativismo em várias frentes. Iniciou como líder de comunidade – bairro Água Mineral e em grupos de jovens, formou-se em Teologia pela Universidade Federal do Piauí, foi participante ativa da formação e construção do movimento de jovens pobres, negros, mulheres e trabalhadores/as. Organizou e fundou grupos e organizações de luta a favor da moradia e defendeu com vigor os direitos humanos, especialmente, das mulheres e das pessoas negras. 

O livro tem o objetivo de visibilizar e valorizar testemunhos e vivências da luta dessa mulher negra por um viés que extrapola a dimensão pessoal e afetiva, uma vez que escrever sobre Francisca Trindade requereu também situar e contextualizar as condições socio-histórico-políticas e culturais de Teresina, do Piauí e do Brasil. Isto é, o livro ao contar as vivências que as autoras dos artigos tiveram no percurso de vida de Francisca Trindade expõe de maneira orgânica o quadro social, político e cultural da época.  

Neste sentido, o livro pode ser fonte de pesquisa a estudantes e pesquisadores das áreas de letras, história, sociologia, antropologia, educação, filosofia, enfim, das disciplinas de humanidades que buscam entender e compreender a realidade da juventude de Teresina no final do século XX e início do século XXI; os problemas marcantes que afetaram os bairros e os anseios de mudança das pessoas que lutavam pelas melhorias de vida; a luta por direitos trabalhistas e direitos femininos e convocação de uma consciência negra.  

Um diferencial do percurso da carreira política como vereadora, deputada estadual e deputada federal, Trindade não legislava a partir dos seus interesses pessoais ou familiares. O livro mostra que as ações de Francisca Trindade estavam incessantemente alinhadas aos anseios populares, em prol dos menos favorecidos. Portanto, mesmo que este livro tenha sido originado de atos de memória afetiva e coletiva (Halbwachs, 1990), na mesma ou em maior medida, ele se sustenta pela valorização de saberes vivenciais numa perspectiva dos estudos culturais e decolonial quanto à realidade da população pobre e negra da cidade de Teresina, do Estado do Piauí e do Brasil em determinada época. 

As autoras dos textos fazem parte do corpo docente da UESPI, professoras Assunção de Maria Sousa e Silva (CCHL / NEPA) e Lucineide Barros Medeiros (CCECA), de outras instituições educacionais e do movimento social popular organizado de Teresina.