NAÇÃO, PAÍS MODERNO E POVO SAUDÁVEL: política de combate à lepra no Piauí
Sinopse
No Piauí, a lepra teve como ambiente nuclear de controle a Colônia do Carpina, instituição criada no município de Parnaíba no início da década de 30, do século XX, para agregar os doentes daquele município. Apenas em 1939, esse leprosário tornou-se, oficialmente, o asilo de leprosos do Estado. Para esse espaço, as atenções dessa pesquisa foram voltadas. Definiu-se como objetivos específicos dessa pesquisa: identificar as condições de saúde da população piauiense na Primeira República; discutir o processo de institucionalização das políticas de saúde no Piauí; relacionar a política de isolamento compulsório dos portadores de lepra com os ideais modernizantes em voga no país e, por fim, analisar como os acometidos pelo bacilo de Hansen e seus familiares desenvolveram a experiência de sujeitos atingidos, física e/ ou culturalmente pela lepra nas relações de forças que modelam a sociedade piauiense. A orientação teórico-metodológica seguida buscou fundamentos na recente produção existente no campo da História das Políticas Públicas de Saúde a partir dos trabalhos de pesquisadores de reconhecimento nesse campo, tanto em nível nacional como internacional. As fontes foram as mais variadas. Trabalhou-se com documentos escritos oficiais, com produções jornalísticas, documentários em mídia, fotos, prontuário dos doentes e relatos orais. O texto final foi organizado em quatro capítulos, conforme estão apresentados a seguir.O primeiro capitulo tem como título: Centralização política e ações de saúde no sertão piauiense. Nele realizou-se a análise da situação médico-sanitária do Piauí durante a Primeira República, com o propósito de compreender quais eram as condições de saúde da sociedade piauiense no inicio do século XX . O segundo capitulo: Controle e combate à lepra no contexto de institucionalização das políticas de higienização e saúde no Piauí teve como objetivo realizar análises do processo de institucionalização das políticas médicas e sanitárias do Piauí no contexto de modernização da sociedade e centralização do Estado brasileiro. Nele, procurou-se avaliar como o controle e o combate à lepra foram inseridos nesse processo. O terceiro capítulo: Um leprosário no Piauí: Parnaíba acolhe a modernidade teve como finalidade analisar como a política de controle e combate à lepra no Brasil foi incorporada pela sociedade piauiense. O quarto capítulo: “Hanseníase tem cura: remova essa mancha de sua vida” teve como objetivo discutir as permanências e mudanças na vida dos ex-internos da Colônia do Carpina. Finalmente, apresentou-se a narrativa de vida desses sujeitos a partir da descoberta da doença e da decisão voluntária ou não de internamento na Colônia do Carpina. A metodologia utilizada para a análise das falas dos entrevistados baseou-se na organização de núcleos que orientaram a comunicação da experiência narrada. As análises das entrevistas e depoimentos levaram aos seguintes temas e suas variáveis: doença: diagnóstico, caráter sobrenatural da doença, discriminação; internação: estigma, solidão, expectativa de alta e reinternação; trabalho: interrupção, impossibilidade; compensação; família: apoio,dificuldade de afeição; desagregação familiar, desprezo; colônia: sofrimento, receptividade, solidariedade e sociabilidades; desospitalização: discriminação, reparação moral e material; Situação atual: pobreza, vícios, responsabilidade social (benefícios).