Anais do II Encontro Nietzsche e Foucault: diálogos

O texto que se encontra ora disponível ao leitor são os Anais do II Encontro Nietzsche- Foucault, cujo tema foram os diálogos que seriam possíveis se estabelecer com o pensamento de cada um desses filósofos, bem como entre eles e/ou a partir deles. Essa segunda edição do evento buscou aprofundar a proposta de constituição de um espaço de confronto e questionamento da importância das meditações desenvolvidas por esses pensadores para as inquietações que nos são colocadas pelos nossos tempos. Foi dessa forma que o Encontro buscou desenvolver os trabalhos em três eixos distintos, mas complementares. Nos primeiros dois dias de evento, os participantes poderiam acompanhar três minicursos diferentes, um a cada turno. Pela manhã, era desenvolvido uma reflexão a respeito da arquitetura da obra mais misteriosa de Friedrich Nietzsche, Assim Falou Zaratustra. O objetivo de tão incursão era esclarecer as relações entre os diversos elementos que constituem esse texto, bem como suas elaborações próprias de problemas que podem ser encontrados em outros momentos do pensamento do filósofo alemão. O minicurso da tarde, se concentrou uma introdução à abordagem filosófica desenvolvida por Gilles Deleuze e Félix Guattari, nomeada de esquizoanálise, a partir do conceito central de Corpo-sem-Órgãos, por compreender que o trabalho desses dois filósofos franceses se produz numa zona de intercessão entre os dois pensadores centrais do evento. À noite, o curso se voltou sobre um aspecto específico do pensamento de Michel Foucault, sua interpretação heterodoxa do neoliberalismo, e as possibilidades de desenvolvimento interpretativo dos nossos tempos a partir da mesma. Quanto às mesas-redondas, encontramos uma variedade de pesquisadores de diversas regiões do Brasil trabalhando sucessivamente diferentes diálogos entre o pensamento de Nietzsche e a questão feminista, o pensamento criminal e a respeito dos criminosos, assim como um diálogo entre o pensamento foucaultiano e questões como epistemologias (trans)feministas, as estéticas da existência como experiências de transformação de si, a imaginação biopolítica, e as relações desse filósofo francês com outras duas figuras fundamentais de seu percurso: o próprio Nietzsche e o filósofo-médico Georges Canguilhem, dentre muitas outras incursões. Por fim, na sexta-feira, último dia do Encontro, aconteceram as sessões de comunicações em salas temáticas que partiam de um dos autores centrais do evento, ou de ambos, ou mesmo que os atravessavam em direção a um problema originalmente fora de seus escopos analíticos. Nesse momento, o que se proporcionou foi o encontro fortuito e afortunado entre trajetórias diversas de pesquisadores e pesquisadoras que muitas vezes sequer conheciam uns aos outros, mas cujos trabalhos acabaram por produzir uma conversação instigante que alavancava as resoluções de problemas de pesquisa adiante, bem como ajudava a construir novos campos de problematizações. Esperamos que o leitor, ao encontrar as reflexões contidas nestes Anais, encontre um convite para a produção de novos diálogos com os trabalhos aqui contidos. Que a leitura destes resumos possibilite não só o desenvolvimento de novas pesquisas, mas também de um pensamento que se concretize no tecido social brasileiro, fazendo emergir novas configurações de emancipação.