Da mãe que fui à mãe que não fui: representações na revista Pais & Filhos (1968-1972)
Sinopse
Esta obra fundamenta-se em torno da maternidade a partir de suas atribuições e da não maternidade a partir de seus diversos fatores, possuindo como questão problematizadora: Como as representações de maternidade e não maternidade das mulheres brasileiras foram representadas na Revista Pais e Filhos durante o recorte temporal de 1968 até 1972? Esse período configurou-se como um marco na vida das mulheres, sobretudo no que concerne a maiores direitos civis e sexuais, maior participação no mercado de trabalho e níveis de escolarização, e a difusão da pílula contraceptiva, o que oportunizou às mulheres maiores escolhas junto aos seus direitos sexuais e reprodutivos. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo. O acesso aos exemplares da revista Pais & Filhos foi determinante para a definição da problematização, dos objetivos e da escolha do recorte temporal estabelecido nesse estudo. Também foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com oito mulheres divididas em três grupos temáticos, as quais possuíam relação com as décadas concernentes a esta pesquisa, servindo para fornecer informações complementares. Para a revisão de literatura, destacou-se como referenciais teóricos: Rachel Soihet; Joana Maria Pedro (2007), Maluf; Mott (1998) e Joan Scott (1990) para compreensão acerca dos estudos em torno da história das mulheres, bem como do gênero como categoria de análise histórica. Joseanne Marinho (2018), Mary Del Priore (2010), Jurandir Costa (2004) e Ana Paula Vosne Martins (2008), foram fundamentais para a discussão acerca da constituição da maternidade como função social feminina, enquanto que Danièle Kergoat (2009) e Judith Revel (2005) possibilitaram uma compreensão diante das desigualdades entre homens e mulheres pautadas pela diferença sexual; já Elisabeth Badinter (1985) e Georgiane Vázquez (2015) deram sustentação ao desenvolvimento da discussão em torno do mito do amor materno e suas implicações sociais para as mulheres, dentre outros referenciais. Diante dos resultados desse estudo foi possível entender as transformações vivenciadas pelas mulheres em seu cotidiano e em suas perspectivas pessoais, contudo, apesar da revista Pais & Filhos por vezes evidenciar artigos que apontassem para os novos caminhos que as mulheres já vinham traçando acerca da maternidade e não maternidade nas décadas de 1960 e 1970, ainda deixando claras as permanências advindas de um processo cultural pautado no patriarcalismo.